1.09.2013

GÂMBITO ATAHUALPA - UMA JOGADA DE MESTRE


Atahualpa foi o décimo terceiro Imperador Inca e é considerado, por alguns historiadores, o último imperador do Tahuantinsuyo (Império Inca). Segundo o historiador mestiço Garcilaso de la Vega (1), Atahualpa nasceu no Reino de Quito, atual Equador. Garcilaso foi quem descreveu mais apropriadamente o imperador Atahualpa:

"O Inca Huayna Capac teve, da filha do rei de Quito, futura sucessora daquele reino, seu filho Atahualpa, que lhe saiu de grande intelecto e inteligência aguçada, astuto, sagaz, habilidoso  e previdente, corajoso e belicoso para a guerra, elegante, bonito de corpo e de rosto, como eram comumente todos os Incas... "


No apagar da luzes da história Inca, nos estertores do Império, Atahualpa fora feito prisioneiro e, acusado de muitas coisas que, segundo os conquistadores espanhóis seriam heresias. Julgado e condenado, cruelmente assassinado, mesmo depois de ter pago um enorme resgate por sua liberdade, provou ser, também, um excelente enxadrista, jogo que aprendeu  enquanto estava preso, vendo os conquistadores espanhóis jogarem, aos quais derrotou nos duelos em que pôde participar.



Atahualpa conseguira vencer seu irmão Huascar em 1532, em Quipaypan, perto de Cuzco, capital do Império, proclamando-se Inca (título que significa algo como "imperador"). Estava em Cajamarca quando foi feito prisioneiro pelos espanhóis, depois de um inesperado ataque de Francisco Pizarro. Na prisão, manteve alguns privilégios: permitiram que ele continuasse a "administrar" o império, aprendeu a ler e a escrever, mantendo uma relação de amizade com Pizarro, o que não impediria que, alguns meses depois, fosse acusado de traição pelos espanhóis. 
Os conquistadores se sentiam ameaçados pelo poder que Atahualpa mantinha sobre o povo e o exército  e pelo respeito e admiração que exercia sobre todos e o acusaram de esconder tesouros, conspiração contra a coroa espanhola, incesto e, ainda, de ter matado o próprio irmão, Huascar. 
Para o seu resgate, Atahualpa ofereceu um aposento cheio de ouro e outro de prata. Embora tenha cumprido sua parte no acordo, foi executado. Escolheu a morte por garrote (2), depois de ser batizado como cristão; a outra opção seria morrer queimado sem batismo, o que serviria para negar-lhe renascimento e vida eterna, segundo sua fé religiosa, de modo que ele escolheu ser batizado.


Segundo o professor Mario Valverde López (treinador e dirigente de xadrez), foi durante o longo cativeiro que Atahualpa aprendeu a jogar xadrez. Aprendeu vendo seus carcereiros jogarem, só de olhar, e logo começou a corrigi-los nesta ou naquela jogada. Então, eles lhe propuseram disputar algumas partidas, descobrindo a grande habilidade do prisioneiro para o xadrez. Entre eles estavam Hernando de Soto, Juan de Roda, Francisco de Chaves, Blas de Atienzu e o tesoureiro da expedição chamado Riquelme.
Atahualpa tinha uma maneira peculiar de começar o jogo com as pretas, já que diante do 1e4  sempre respondia com o curioso gâmbito (3) 1f5.

Original enxadrista, certamente o primeiro jogador de elite da América, conseguindo derrotar seus pomposos e experientes oponentes com um grande poder prático.
Atahualpa permanecerá na história como o melhor jogador de xadrez da América do século XVI e o Gâmbito Atahualpa como o primeiro gâmbito, abertura
 ou defesa, jogado na América. O último lance do destino na vida de Atahualpa teria sido marcado pelo tabuleiro...
Diariamente reuniam-se em Cajamarca, nas salas que, desde 15 de novembro 1532 serviam de prisão para Atahualpa; este, para evitar o tédio, mantinha-se, sempre, muito próximo dos espanhóis, especialmente, sentado ao lado de seu "protetor e amigo" Hernando de Soto.






Certo dia ...

  
Riquelme jogava contra Soto e estava a ponto de ganhar o jogo quando Soto ameaçou mudar seu cavalo. Atahualpa segurou seu braço e disse: "Não!, Capitão, não..., A Torre, a Torre!" Soto ganhou o jogo e, depois desse ocorrido, os dois espanhóis, Soto e Riquelme, convidavam Atahualpa para jogar, mas, geralmente, ele se recusava a fazer isso, porque dizia que jogava "muito pouquinho" e quando o fazia, parece que sua resposta preferida para o movimento 1e4 era 1f5, dando origem ao gâmbito que leva seu nome.


O Gâmbito Atahualpa é considerado um dos movimentos mais bizarros e sem lógica de oposição ao peão de Rei Branco, é como jogar um Gâmbito de Rei com dois tempos a menos. O fato é que, nos livros de teoria sobre aberturas, não aparece esta linha, apenas em estudos particulares daqueles que a praticam. Se o segundo jogador insiste na idéia original dessa jogada, não agirá em desvantagem, pois as brancas não lograríam objetivos válidos e a dúvida do Roque (4) aumenta quando o branco percebe que os dois flancos estão vulneráveis ​por parte do preto.







O Gâmbito Atahualpa teria sido produto de uma jogada irracional do Inca Atahualpa?? 

Eu, particularmente, não acredito mas, os estudiosos do Xadrez na América podem tentar responder. Sem antecedentes históricos, esta é a verdadeira jogada que Atahualpa lançou ao futuro, a verdade da própria história, e que, como todo o resto, no que se refere ao Tahuantinsuyo, ou seja, ao Império Inca, encontra-se em suspense, na esperança que que o Inca possa nos dar, à sua maneira inocente, um xeque-mate histórico. As pretas jogam , e ganham.



(1) Inca Garcilaso de la Vega era filho do Capitão Sebastián Garcilaso de la Vega y Vargas, e da Princesa Inca Isabel Chimpu Ocllo, sobrinha de Huayna Cápac y prima-irmã de Atahualpa.
(2) Garrote - Colar de ferro que estrangula a vítima. Foi usado como instrumento de suplício e de execução de condenados na Espanha e em Portugal. O garrote primitivo era ligado a uma vara ou poste, situado atrás da cadeira na qual executava-se a vítima, e que girava a fim de apertar o colar de ferro, provocando o estrangulamento do condenado.
(3) Gâmbito é uma palavra utilizada no Xadrez para designar um sacrifício de uma peça em troca de vantagem no tabuleiro.  Normalmente, é uma armadilha porque quando o adversário toma a peça é quando ele perde vantagem. Seja o Gâmbito disfarçado ou muito óbvio, as duas formas tentam pegar o adversário desprevenido e forçá-lo a tomar uma decisão desastrosa.

(4) Roque, no xadrez, é uma jogada especial que envolve a movimentação de duas peças no mesmo lance. Sua função é proteger o Rei ao deslocá-lo para um dos cantos do tabuleiro e conectar as torres na primeira fileira

Leia mais sobre Atahualpa em 
ATAHUALPA - ESTRIBILLO DE UNA MUERTE ANUNCIADA 



                                                                             

1.05.2013

HAYU MARCA - PORTAL DOS DEUSES



 

                   Porta estelar ou entrada interdimensional esculpida na rocha?
  


Venerada pelos moradores como a Cidade dos Deuses, a porta Hayu Marca (Portal ou Portão dos Deuses) encontra-se escavada na rocha, no altiplano de Hayu Marca, no sul do Peru, próximo ao lagoTiticaca, a 35 km da cidade de Puno. É uma estrutura enorme e cheia de mistério, com a aparência de uma enorme porta. Devido ao terreno acidentado da montanha, nunca foi totalmente explorada e muitas das formações rochosas da região se assemelham a edifícios e estruturas artificiais como uma "cidade", o que mexe com a imaginação das pessoas. Embora não se tenha descoberto nenhuma cidade de verdade, a Porta faz parte de uma área conhecida como Floresta Espírito (ou Floresta de Pedra) feita de estranhas formações rochosas. 

A Porta de Hayu Marca foi esculpida em uma face natural da rocha, há muito tempo, e mede sete metros de altura por sete metros de largura com um pequeno nicho no centro, na base, com dois metros de altura.

Conta a lenda a respeito de uma "porta de entrada para a terra dos deuses" através da qual, nos tempos antigos, grandes heróis tinham ido juntar-se a eles, alcançando uma nova e gloriosa vida de imortalidade. Em raras ocasiões, haviam regressado, através do portão, por um curto período de tempo, com seus deuses, para "inspecionar todas as terras do reino.
Outra lenda fala de um tempo em que os conquistadores espanhóis chegaram ao Peru, saqueando o ouro e as pedras preciosas do Império Inca. Um sacerdote do Templo 
Inca dos Sete Raios, chamado Amaru Meru (Aramu Muru), fugiu de seu santo templo, levando com ele um disco de ouro conhecido como "a chave dos deuses dos sete raios", e se escondeu nas montanhas de Hayu Marca. O sacerdote mostrou ao povo local a chave dos deuses e um ritual foi realizado. A celebração gerou um acontecimento mágico e o disco de ouro abrira o portal que, segundo a lenda, permitia que uma luz azul emanasse de dentro do túnel.
Amaru Meru entregou o disco de ouro para o xamã, passou através do portal, para nunca mais ser visto. Os arqueólogos observaram uma pequena mão na depressão circular no canto inferior direito da porta e teorizam que este é o lugar onde um pequeno disco pode ser instalado e mantido pela rocha.
De acordo com algumas pessoas que colocaram suas mãos na pequena porta, uma sensação de energia fluindo foi sentida, e experiências estranhas, como visões de estrelas, colunas de fogo, e os sons de uma música estranha. Outros disseram que perceberam túneis dentro da estrutura, embora ninguém ainda tenha encontrado uma brecha na abertura da porta. Pelo contrário, a opinião profissional é de que não há nenhuma porta real, e que foi esculpida em uma única rocha.

Curiosamente, a estrutura é semelhante, sem dúvida, à Porta do Sol deTiahuanaco e a cinco outros sítios arqueológicos que estão ligados por uma cruz de linhas retas imaginárias que se cruzam, exatamente, no ponto onde o planalto e o Lago Titicaca estão localizados.
Notícias da região, nos últimos vinte anos, tem demonstrado atividade com objetos voadores não identificados em todas essas áreas, especialmente no Lago Titicaca. A maioria dos relatórios descrevem esferas azuis brilhantes e ofuscantes objetos brancos em forma de disco.)

A lenda termina com uma profecia de que a porta dos deuses um dia será aberta "muitas vezes maior do que realmente é" para permitir que os deuses voltem com suas naves de sol.
A profecia diz que as Américas eram unidas por uma tradição espiritual comum e um líder, e que isso vai acontecer de novo. Éramos unidos - Amaruca ou Ameruca, América, significa "terra da serpente" - numa época em que a serpente era o símbolo universal da sabedoria mística e poder espiritual. Uma lenda diz que a América do Norte e a América do Sul foram nomeados após um portador de cultura, historicamente conhecido como Aramu Muru ou Meru Amaru, a "Serpente Meru."

Aramu Muru veio do antigo continente de Mu com muitos objetos de poder, incluindo o poderoso disco solar que havia sido pendurado em um templo importante na sua terra natal. Também trouxe muitos rituais e símbolos sagrados, como a Chakana que, tendo sido levados pelos missionários aos quatro cantos, serviram para unir as Américas em uma cultura espiritual homogênea.

A Chakana tem uma idade superior a 4.000 anos, de acordo com o arquiteto Carlos Milla, autor do livro Gênesis da Cultura Andina. Atualmente, a cultura aimará continua reproduzindo o gráfico da Chakana em seus tecidos. Da mesma forma, os Aimará ainda usam o calendário lunar de 13 meses com 28 dias cada mês, utilizado pelos antepassados: 13 vezes 28, 364, o 365 º dia era considerado o dia zero, algo assim como uma espécie de Ano Novo andino. Esse dia é 03 de maio, que é  quando a Cruz do Sul toma a forma de uma cruz perfeita.




                                   
                                                                 CHAKANA


Contam as lendas que Aramu Muru (ou Amaru Muru) teria ajudado muitas tribos de nativos americanos depois que eles chegaram ao Peru, durante a época da destruição de Mu (Lemúria) e a Velha Terra Vermelha (Atlantis). Em seguida, uniu essas tribos em uma cultura muito avançada, que começou a construir muitos dos impressionantes templos megalíticos que ainda adornam a paisagem do atual Peru. Embora a maioria de nós tenha esquecido nossas ligações com o passado, o espírito de Aramu Muru nunca nos deixou: continua a observar as Américas, a partir do seu Templo de Luz localizado acima do Lago Titicaca. Além disso, o grande Disco Solar de Mu, também, ainda existe e está, atualmente, sob o lago sagrado.
  
Desde 1992, quando o Pachacuti, ou "transformação do mundo", antigamente profetizado pelos Incas, teve o seu início, Aramu Muru e o Templo da Iluminação tem feito sentir sua presença e, novamente, o disco solar começou a emanar poderosas correntes espirituais de luz para unir as Américas e elevar o mundo inteiro. Logo, a profecia se cumprirá, a Águia (América do Norte) vai se juntar ao Condor (América do Sul) e os povos tornarão a ser um só.




                       


               A Porta de Hayu Marca foi esculpida em uma face natural da rocha, 
         há muito tempo, e mede sete metros de altura por sete metros de largura 
         com um pequeno nicho no centro, na base, com dois metros de altura.






                                                          

ALNILAM E A DIVISÃO DO TAHUANTINSUYO






Estrela central e mais brilhante das três estrelas no Cinturão de Órion e a quarta estrela mais brilhante de toda a constelação, Alnilam é uma estrela supergigante branco-azulada. 
Como a maioria das supergigantes, Alnilam está, rapidamente, perdendo massa. Um poderoso vento estelar sopra a partir de sua superfície a uma velocidade de até 2.000 km/s, levando para longe cerca de dois milionésimos de massa solar por ano (20 milhões de vezes a quantidade perdida pelo sol). Embora tenha, apenas, cerca de quatro milhões de anos de idade, Alnilam já está fundindo elementos pesados ​​em seu núcleo; está condenada a explodir, nos próximos milhões de anos, mais ou menos, como uma supernova. (1)


Um dos monstros da Via Láctea, Alnilam, está soprando para o espaço uma quantidade tão grande de gás quente que isso, em um milhão de anos, poderia formar duas estrelas tão pesadas quanto o Sol.

Sendo uma supergigante, Alnilam tem cerca de 40 vezes a massa do Sol, dezenas de milhares de graus mais quente, e centenas de milhares de vezes mais brilhante. Radiação tão intensa, de fato, empurra um "vento" denso de partículas carregadas, a partir da superfície, para fora de Alnilam, no espaço, a milhares de quilômetros por hora.


Membro mais impressionante do cinturão de Orion, Alnilam é a mais brilhante das três estrelas, mesmo que esteja a centenas de anos-luz mais distante do que as outras duas. E, enquanto cada uma das outras, na verdade, é constituída por duas estrelas, Alnilam se move, através da galáxia, sozinha.

Embora Alnilam tenha, apenas, alguns milhões de anos, está, rapidamente, aproximando-se do final de sua vida. Ao longo dos próximos milhões de anos, ela vai "queimar", através de uma série de elementos mais pesados ​​forjados em seu núcleo, o seu combustível de hidrogênio original. Esse processo, Alnilam não será capaz de sustentar por muito tempo. Seu núcleo entrará em colapso, enquanto as suas camadas exteriores vão explodir, na direção do espaço, como uma supernova - momentâneamente ofuscando a maioria das outras estrelas da galáxia juntas.

Existe um diagrama, desenhado por Juan Santa Cruz Pachacuti Yamqui Salcamayhua, um nativo dos Andes e que
 tem sido muito importante para a compreensão da astronomia estelar dos Incas. 
O escritor, que nasceu no início de 1600, fez o manuscrito, obviamente, alguns anos após a conquista dos espanhóis (1533).
Sua crônica apresenta informações sobre Astronomia Inca, não documentada por escritores europeus. 
Entre os desenhos do Sol e da Lua e outros astros e constelações, como o Cruzeiro do Sul, por exemplo, há uma linha de três estrelas.
A linha de três estrelas é conhecida como 'Orcorara' (2), que significa 'três estrelas todas iguais'. 

Há uma história sobre estas três estrelas. 

As duas estrelas no final são chamados de Patá (são conhecidas como as Marias) e a estrela no meio é o ladrão e bandido. A Lua queria puní-lo, então, ela enviou as duas estrelas para capturá-lo e entregá-lo aos abutres, que são os urubus formados pelas quatro estrelas abaixo de Patá.
Muito provavelmente estas cinco estrelas representem a Constelação de Órion; as três estrelas da linha são o Cinturão de Órion. O Cinturão de Órion é único porque as três estrelas que formam o cinturão, a saber: Alnitak (a ponta) Alnilam (o colar de pérolas) e Mintaka (o cinto) forma um alinhamento reto e são, aproximadamente, iguais em brilho. A estrela perpendicular ao cinturão, e abaixo, é Betelgeuse, que é a oitava estrela mais brilhante, enquanto a estrela que se situa acima, a uma distância igual da linha, é Rigel e esta é a sétima estrela mais brilhante no céu.

Usando o templo Coricancha como o centro, podemos estender os ceques (ceque significa "puro" ou "frente" em quéchua) como linhas imaginárias para fora até o horizonte, então podemos localizar a ascenção e pontos de ajuste de certas estrelas.






Eu prefiro acreditar na "teoria" que parece ser a mais provável de ser aceita astronomicamente (aparentemente há aqueles que pensam de outra forma), a de que as quatro linhas imaginárias que cruzam o templo Coricancha são determinadas pela principal estrela do cinturão de Órion, Alnilam, que se concentra, exatamente, sobre a cidade de Cuzco (antiga capital dos Incas e que era o centro do mundo), em 21 de março, no solstício de inverno. Dessa forma, segundo essa "teoria", a partir de Alnilam, brilhando sobre Cuzco, em pleno solstício, o Tahuantinsuyo (Império Inca), teria sido dividido por dois ceques em quatro suyos, a saber: Collasuyo, Chinchaysuyu, Antisuyo, Contisuyo.





  
(1) Uma nuvem molecular, NGC 1990, circunda Alnilam e está parcialmente iluminada como uma nebulosa de reflexão pela intensa radiação da estrela. (Em astronomia, nebulosas de reflexão são nuvens de poeira interestelar que refletem a luz de uma próxima estrela ou estrelas.) 
(2) Chaccana. Três estrelas chamado de Três Marias.