10.17.2014

INTI PUNKU: A PORTA DO SOL EM MACHU PICCHU




                   Inti Punku: A Porta do Sol.









SITIO ARQUEOLÓGICO PUMANMARKA (INCA)









           Sitio arqueológico Pumanmarka. 

Localizado ao norte, cerca de seis quilômetros de Ollantaytambo, Pumanmarka exibe, na parte inferior, uma variedade de estruturas arquitetônicas, estruturas feitas de forma grandiosa, que todos podem ver e admirar, bem como plataformas, estradas, canais, entre outras coisas, enquanto na parte superior há uma série de salas de forma retangular, simplesmente espetaculares. Tudo cercado por uma muralha de morfologia escalonada que, em certos lugares, chega a atingir cinco metros de altura. 
Não visite esse, ou outros locais, sem antes ler esse blog, para começar a experimentar a atmosfera do Império Inca, tentar compreender sua história, sentir a sua essência como um perfume que irá acompanhá-lo na direção do passado. E nunca mais você será o mesmo. Nunca mais.










4.11.2014

TAHUANTINSUYO - SOB OS OLHOS DO PUMA

               
                                        


Quando havia apenas névoa e escuridão, Wiracocha criou o céu, a terra e os primeiros seres humanos, os quais fez de grande estatura. Ele criou esse mundo dividido em dois lados opostos: o mundo do alto, onde se encontra o sol e a lua e o mundo abaixo, onde permanece o passado. Entre os dois, o mundo intermediário dos seres humanos. Os primeiros humanos, no entanto, desobedeceram ao Deus que os converteu em estátuas de pedra, deixadas em cavernas e montanhas. Então, houve um dilúvio e o mundo voltou à escuridão...

Desse dilúvio, sobreviveu um puma, ilhado no meio do lago Titicaca, de onde apenas resplandecia o brilho dourado de seus olhos.


Algum tempo depois, Wiracocha emergiu do lago e fez desaparecer a escuridão, ao substituir os olhos do puma pelo Sol (Inti) e a Lua (​​Quilla). De sua união nasceram dois filhos, o casal divino, Manco Capac e Mama Oclo, os dois primeiros Incas. Wiracocha foi a Tihuanaco e, misturando com água e lama do Titicaca aos seres que havia petrificado, fez homens e mulheres de menor estatura, criando uma nova humanidade.


Então...

Wiracocha deu a Manco Capac um bastão de ouro e disse a ele para percorrer os caminhos até encontrar um lugar especial na Terra. Nesse lugar, enfiando o bastão no chão, ele fundou o Cuzco, umbigo, ou centro, do mundo, a mais poderosa e bela cidade do Tahuantinsuyo. 
O Criador, em seguida, atravessou a Cordilheira dos Andes, chegou até a costa e desapareceu, caminhando sobre as águas do mar...


                                             


O puma é considerado o felino mais amplamente distribuído no território americano (em todas as Américas), podendo ser encontrado até os 5.000 m de altitude, na Cordilheira dos Andes, onde recebe o nome de "puma andino". É um animal inteligente, solitário, com hábitos noturnos, sendo, por isso, difícil de observar. 
Suas características provavelmente atraíram os antigos habitantes do Império Inca (Tahuantinsuyo) e seus antecessores, que sempre o viram como um animal mítico.

Houve um culto entre os Incas (talvez secreto, talvez apenas crença), no qual a Lua era consagrada ao Puma que, a cada noite, devorava um pedaço dela e, quando ficava satisfeito, a deixava crescer, novamente. Ele vivia no centro da terra e saía, de noite, para devorá-la.

De acordo com Vázquez de Espinosa, os Chancas, inimigos dos Incas, na época do Inca Pachacutec, e seus antepassados​​, adoravam o Puma. O cronista, que viajou, por volta de 1620 pela região de Andahuaylas, nos conta: "dizem que seu pai era um Leão, e assim o tem, e adoram, como Deus, e o tem por armas, e nas celebrações, geralmente, se vestem de peles de leões para mostrar coragem, como cada dia se vê nas festas que fazem ". Entre as quatro vestes rituais, que o Inca usava para o casamento e quando assumia o poder, havia um manto de pele de puma ou de um tecido assim tingido, bem como uma camisa com manchas, imitando as da pele do puma. Ambos os clãs têm o mesmo totem felino; pode ser que se trate de uma migração de símbolos míticos, que corre paralela à invasão bélica do oeste para a região de Cuzco. De acordo com Garcilaso, no Cuzco os curacas (líderes) se apresentavam na festa principal do Sol, chamada Inti Raymi "...nem mais nem menos que pintam a Hércules, vestida a pele de leão e a cabeça encaixada na do índio, pois os tais apreciam descender de um leão." (1)

Quando o Inca Pachacutec conquistou o território da confederação de Chimu, em meados do século XV, poucos anos antes da chegada dos espanhóis na América, algumas de suas crenças foram assimiladas, tanto quanto assimilaram seus domínios. O Inca expandiu seu poder nesse território, localizado entre as terras dos Moches até Paramonga, no sul, ao longo da costa do Peru moderno, império que era governado a partir da grande cidade de Chan-Chan. 

Os Chimu tinham o deus Kon como um mediador entre o céu e a terra, onde reinava o deus Sol Chatay, auxiliado pela Lua, Quillapa Huillac, a qual muitos consideravam mais poderosa do que o Sol, já que poderia reinar de noite e de dia, era capaz de encobrí-lo e fazê-lo desaparecer do céu nos eclipses. Em torno desses deuses maiores estavam os deuses celestiais, como os do relâmpago...

O povo Chavin era politeísta e adorava a deuses de características selvagens, já que suas esculturas mostram seres sobrenaturais com traços felinos como o puma, jacarés e serpentes, aves andinas como a águia, o condor e o falcão. O progresso econômico levou à construção de centros cerimoniais e cidades.
A religião Chavin implicava na transformação do ser humano através do uso de substâncias alucinógenas. Muitas esculturas representam a transformação de uma cabeça humana em uma cabeça de puma. O uso de alucinógenos (cacto de San Pedro - ayahuasca), para fins religiosos, era comum, de acordo com achados arqueológicos encontrados. A droga contida no cacto colocava os sacerdotes em transe, o que lhes permitia dilatar as pupilas e penetrar nas profundezas do templo em absoluta escuridão.

A iconografia de figuras antropomórficas felinas é uma importante característica da civilização Chavin. Todas essas divindades são representadas nas diferentes manifestações culturais como na cerâmica, artefatos de metal, tecidos e esculturas arquitetônicas. Chavin de Huantar era um ponto central, em especial para rituais religiosos.

Os templos Chavin mais destacados são: Chavin de Huantar 
(Ancash), Kunturwasi e Pacopampa (Cajamarca), Chongoyape (Lambayeque), Caballo Muerto (La Libertad), Garagay (Lima), Chupas (Ayacucho).


A cidade de Chavin tinha conhecimento avançado de acústica e de engenharia hidráulica. Durante a estação chuvosa a água corria através dos canais criando um som como um rugido. Isto faria com que o templo de Chavin de Huantar parecesse estar rugindo como um jaguar (puma). O templo foi construído em granito e calcário branco e preto. 
A cultura Chavín representa o primeiro estilo artístico muito difundido nos Andes. 


Todas essas civilizações pré-incaicas haviam influenciado a cultura dos povos que faziam parte do Tahuantinsuyo (Império Inca) não propriamente a cultura Inca, pelo menos no que diz respeito às crenças e religiões, mas a cultura dos diferentes povos e etnias incorporados por ela, através das guerras e conquistas.


                                    
                                          (o muro do puma)

A Fortaleza de Sacsayhuaman (Saqsaywuaman, em Quechua), foi construída, originalmente, para fins militares, para defesa contra a invasão de tribos hostis que ameaçavam o Império Inca. 
A partir da fortaleza se observa uma singular vista panorâmica dos arredores, incluindo a cidade de Cusco. Sacsayhuaman se encontra a 3.700 metros acima do nível do mar e a área onde se localiza corresponde à cabeça do animal sagrado, o puma, e uma das traduções desta palavra é, precisamente, 'cabeça de puma'. 
Pachacutec Inca Yupanqui, o nono Inca, redesenhou a cidade de Cuzco e moldou-a na forma de um puma deitado. 

O puma é o guardião das coisas terrenas .


(1) texto original (
...ni más ni menos que pintan a Hércules, vestida la piel de león y la cabeza encajada en la del indio, por que se precian los tales descender de un león." )