6.13.2011

URBANISMO NO TAHUANTINSUYO - CONSTRUINDO UMA IDEIA

                         
                                                           (Machu Picchu)

Ao falarmos do Urbanismo, noTahuantinsuyo (Império Inca), notamos que o elemento básico é a pedra, pelo menos nas regiões mais altas; no litoral se utilizava uma espécie de tijolo de terra. Há uma diferença importante que faz com que o estilo "cusquenho" prevaleça no centro e no norte da Cordilheira, enquanto no litoral e em outras áreas, como na Bolívia atual, por exemplo, se torne mais raro. No entanto, não creio que isso possa ser considerado, como observou o antropólogo francês Henri Favre, que "a atuação política no território do Estado Chimu e das grandes chefias aymaras fosse mais fraca" porque, simplesmente, não creio que possamos misturar as coisas. Como bem sabemos, a Cultura Inca, incluindo nela o urbanismo, desenvolveu-se sobre todas as culturas anteriores que habitaram a Cordilheira dos Andes, como a Chavín e a Tiahuanaco, por exemplo, aproveitando-se do que já havia, porém, com personalidade própria ao desenvolver suas construções.
A aparência gigantesca de suas edificações, as aberturas em forma trapezoidal, serviram para deixar sua marca e apontar as diferenças que os tornam únicos entre todas as Culturas que os precederam. 
Um exemplo disso são as construções militares, destacando-se as fortalezas de Sacsayhuaman, em Cuzco e do Vale do Urubamba. Essas admiráveis edificações foram projetadas e criadas com ajustes perfeitos de grandes blocos de pedra, sem a ajuda da roda, por exemplo. Essas construções foram feitas para resistir aos grandes terremotos.
Quanto às casas, quase todas eram retangulares, muitas delas circulares, com uma abóbada de pedra por telhado ou, simplesmente, palha; essas casas não possuíam janela e nem chaminé (a fumaça escaparia pela palha do telhado). Com uma porta, única, coberta por uma esteira ou cortina de couro, ou palha, as pedras eram ligadas com lama e as paredes externas cobertas com estuque de lama fina.
Mas, infelizmente, só podemos tirar conclusões a partir do que nos restou para observar porque, se os terremotos não puderam destruir suas construções, o mesmo não se pode dizer da ocupação espanhola, definitiva no aspecto da transformação desse urbanismo original que foi perdido ao longo dos últimos quinhentos anos. Basta uma olhada no livro Comentarios Reales, do cronista Garcilaso de la Vega (1), para perceber o quanto de tudo isso se perdeu para servir de material para as construções coloniais espanholas.


Nossa melhor fonte de conhecimento nesse sentido é a cidadela de Machu Picchu, descoberta em 1911, pelo professor Hiram Bingham. Oculta, por todos esses séculos de ocupação espanhola, preservou-se, completamente, mantendo sua integridade original, porém, Machu Picchu não pode ser tomada como padrão para a análise e estudo da Arquitetura e Urbanismo Inca. Podemos fazer análises, tirar conclusões que jamais poderão ser comprovadas pois, Machu Picchu é uma cidadela construída para algum fim específico que jamais poderá ser determinado com certeza. Cidade religiosa? Fortaleza militar? Qualquer conclusão seria tese e não passaria disso. Não se pode analisar todo o Urbanismo do Império Inca a partir de uma "simples" cidadela. Praças, fontes, aquedutos, escadarias, terraços sem fim para agricultura, muros de contenção e paredões à beira das encostas para proteger a cidadela.

Só o que podemos é construir novas ideias sobre o que, realmente, existiu e não nos foi legado.

Então...



AS LLACTAS E A CONSTRUÇÃO DO TAHUANTINSUYO

A idéia que nos ficou foi que, em todo oTahuantinsuyo, havia o predomínio da aldeia como forma básica de moradia e urbanismo: ayllus com casas dispostas, irregularmente, distantes umas das outras, dependendo das inclinações naturais do terreno ou dos rios e riachos que cortassem a região. Quase toda a população vivia nos ayllus, apenas uma elite residia nas cidades, chamadas llactas.
As llactas eram cidades planejadas e construídas pelo Estado Imperial Inca para atuar como centros administrativos, e de poder, no controle do território e da população. Nesse sentido, registra-se um maior número de llactas no norte e no nordeste do Império, já que seria necessário um maior controle daquelas regiões.

                                               
                                                        (Machu Picchu)


Segundo Juan de Betanzos, no capítulo XVI de sua Crônica, as construções das llactas necessitavam de muita mão-de-obra e de um planejamento preciso. Funcionários do Estado Inca, os orejones (2), saíam em busca de muitas pessoas retiradas de suas províncias e ayllus, para realizarem o serviço. Esse processo era chamado de mitmas ou mitmaq, e se refere ao translado de famílias ou populações inteiras, sob organização e a serviço do Estado. 

Por ocasião da reconstrução de Cuzco, o Inca Pachacutec Yupanqui planejou a cidade e fez maquetes com figuras de barro definindo como os trabalhadores iriam desempenhar seu projeto. Como não havia papel para os projetos arquitetônicos, criavam maquetes de barro, ou pedra, para servir de modelo de construção, como apontam os cronistas.

O fio de prumo era conhecido, assim como outras ferramentas para obter ângulos, medidas e níveis. Os martelos e machados geralmente eram de pedra e o trabalho era físico, de braço a braço, com a preocupação de se cuidar dos mínimos detalhes. Alavancas de madeira e de bronze também eram utilizadas para mover e colocar pedras.
Jamais chegou-se a uma conclusão de como eram realizados, tanto o transporte quanto a colocação das pedras, devido ao tamanho e a distância, bem como a alturas e as circunstâncias geográficas locais. Várias teorias buscam compreender sem, no entanto, jamais explicar de modo convincente, como esse Império pode ser construído com elementos tão "impossíveis".

Os incas não utilizavam nenhuma liga para fixar os blocos de pedra.

                                          
                                                 (alvenaria ciclópica poligonal)


No Império Inca, a riqueza estava mais na quantidade (e na qualidade) das pessoas, em suas habilidades, no esplendor tecnológico que podemos observar em suas edificações, na metalurgia, na construção de estradas, aquedutos, no sistema de irrigação e contenção de encostas, nos produtos têxteis, etc, do que na quantidade de ouro que despertou a cobiça dos espanhóis, tornando-os irracionais. 
A partir de Cuzco, as demais llactas edificadas pelo Estado foram divididas em setores religiosos, administrativos e agrícolas. Primordialmente, as construções eram projetadas em um estilo rústico com pirca e adobe, erguidos com pedras amontoadas sem muito cuidado e mescladas com uma liga de barro. Isso para casas comuns, andenes (terraços de agricultura) e depósitos.


                                        
                                                           (fontes de Tipon)

Um trabalho mais encaixado, feito com base de pedras ígneas de tamanho regular com formas geométricas poligonais foi desenvolvido até que, no auge do Tahuantinsuyo (Império Inca), o tipo sedimentário ou inca imperial, constituído por pedras de tamanho médio de altura regular, encaixadas sem nenhum espaço, bem talhadas e polidas era o mais comumente utilizado. Na construção das fortalezas, no entanto, praticava-se o estilo monumental, no qual grandes blocos, pesando toneladas, foram usados. 
Interessante notar que, principalmente em Cuzco, o sistema de esgoto e o abastecimento de água estavam organizados, de tal maneira que, os cursos de água que atravessavam a cidade estavam confinados entre muros, e os leitos das correntes menores, eram pavimentados com pedras, garantindo a qualidade da água. A água era levada para alguns edifícios por condutos forrados e cobertos de pedras.
Podemos constatar todo esse desenvolvimento, técnicas de engenharia avançada, grandes construções arquitetônicas mas, não podemos atinar com os métodos que utilizavam para fazer isso. E nos sentimos grandes ignorantes diante de nossa própria incapacidade de tirar conclusões.

                               
                                                  (fortaleza de sacsayhuaman)

(1) Nas palavras de Garcilaso, em Comentarios Reales: “Os espanhóis, como invejosos de suas admiráveis ​​vitórias, tendo que sustentar aquela fortaleza, mesmo que consertando-a às suas custas, para que por eles vissem nos próximos séculos quão grandes foram as forças e o espírito daqueles que a conquistaram, e seria eterna a memória de suas façanhas, não só não a sustentaram, mas eles próprios a demoliram para construir as casas particulares que hoje possuem na cidade de Cuzco, que para salvar o custo e a demora e dor com que os índios * trabalhavam as pedras para os edifícios, demoliram tudo o que foi construído em cantaria polida dentro das cercas, que não há nenhuma casa na cidade que não tenha sido entalhada com aquela pedra, pelo menos as que os espanhóis entalharam.

As pedras maiores, que serviam de vigas no subsolo, foram removidas para soleiras e pórticos, e as pedras menores, para as fundações e paredes; e para os degraus das escadas eles procuraram os blocos de pedra da altura que lhes convinha; e quando os encontravam, retiraram todos os blocos que estavam acima do que necessitavam, mesmo que houvesse dez ou doze blocos, ou muitos mais. Desse modo, eles derrubaram aquela grande majestade, indigna de tal destruição, que fará pena eternamente àqueles que a olharem  com atenção pelo que ela era. Demoliram-na com tanta pressa, que nem mesmo eu a alcancei, senão as poucas relíquias que mencionei. As três muralhas de rocha deixadas de pé, porque não as puderam demolir por causa da sua grandeza; E mesmo com tudo isso, segundo me contaram, derrubaram parte delas, procurando a corrente ou corda de ouro que Huayna Capac fez, porque havia conjecturas ou vestígios de que ali a enterraram.

Deu início à construção daquela não tão cara e mal desenhada fortaleza,  o bom rei Inca Yupanqui, décimo dos Incas, embora outros digam que foi seu pai Pachacútec Inca; dizendo que deixou a marca e a maquete feita, e recolheu uma grande quantidade de pedras e penhas, que não havia outro material naquela obra. Demorou mais de cinquenta anos para terminar, até a época de Huayna Cápac, e os índios ainda dizem * que não estava terminada, pois a pedra cansada havia sido levada para outra grande construção que planejavam fazer, a qual com tantas outras que por todo aquele império se fazia, pararam as guerras civis, que logo depois surgiram entre os dois irmãos Huáscar Inca e Atahualpa, no  momento em que entraram os espanhóis que as pararam e demoliram tudo como estão hoje. ”





* Quando ele usa a palavra índios, está referindo-se aos povos que faziam parte do Império Inca, mesmo não sendo incas. Os Incas eram brancos.

(2) orejones (orelhões) eram os funcionários representantes do Inca que executavam diversas funções administrativas; eram assim chamados por usarem uma espécie de argola no lóbulo das orelhas, deixando-as compridas.




BIBLIOGRAFIA
- Garcilaso de La Vega, Comentarios Reales, Editorial Mercurio S/A., Lima, Peru, 1970
- Juan de Betanzos. Suma y Narracion de los Incas. — Madrid, Ediciones Polifemo, 2004. Edicion, introduccion y notas: Maria del Carmen Martin Rubio.






                                                           

6.09.2011

O CARÁTER ÉPICO DA VITÓRIA INCA SOBRE OS CHANCAS


                                                                         Pachacútec



“De modo que o campo ficou pelo Inga; todos os índios dizem até hoje, quando falam daquela valorosa batalha, que todas as pedras que havia naquele campo tornaram-se homens, para lutar por eles, e que tudo aquilo fez o Sol para cumprir a palavra dada pelo bravo Pachacuti Inga Yupangui, que assim chamava-se também este bravo jovem. ”(Padre Frei Jerónimo Román, no Libro Segundo de la República de las Índias Ocidentales, capítulo onze, falando desta batalha , que é o que se segue, literalmente :) (em: Garcillaso de la Vega, Comentários reais)



Houve um momento na história inca que foi decisivo, não só para a continuidade de sua existência, mas também para seu fantástico e rápido crescimento, que lhes permitiu assumir um papel adulto em relação à História e que transformou os Andes para sempre.
Quando os Hanan Chancas se aproximaram de Cuzco naquele momento, uma mistura de medo e ansiedade atravessou como um vento gelado que fez oscilar desde o líder dos Incas, ao menor de todos os seus súditos.


Era o ano de 1438 (1) ... Os Hanan Chancas eram muito sanguinários na hora da luta e quando capturavam seus inimigos, eles, como prisioneiros de guerra, eram submetidos a torturas cruéis: escalpelados ainda com vida, tinham a pele arrancada, pendurados de cabeça para baixo para que o sangue se concentrasse na parte superior do corpo e faziam pequenos cortes na frente dos dedos dos pés, para poderem arrancar a pele aos poucos.
Outra forma de intimidação era fazer taças com os crânios dos prisioneiros, onde bebiam o sangue do inimigo.

Os Chancas se  estabeleceram na região de Ayacucho: Paucaray (hoje um distrito da província de Sucre, departamento de Ayacucho). (2) Eles estavam divididos nas duas metades de Hanan (acima) e Húrin (abaixo) e alegavam ter sua origem, ou pacarina, nas duas lagoas de Choclococha e Urcococha. Eles eram um povo rude e conquistaram Andahuaylillas. Seu novo objetivo era Cusco ...

Os Chancas deixaram Paucaray - três léguas de Parcos - e, segundo o costume andino, dividiram-se em três exércitos. Tão certos estavam da fácil conquista de Cuzco que dois de seus exércitos foram para Conttisuyo e o terceiro seguiu para a capital inca.

Ao chegar a Vilcacunga, enviaram seus emissários a Cuzco anunciando sua intenção de subjugar os Incas, então Wiracocha Inca deixou a cidade à própria sorte e se refugiou com seus filhos Urco e Socso na fortaleza de Caquia Xaquixahuana (Chita). A luta entre Incas e Chancas adquiriu um caráter épico na presença das tropas inimigas; nessas circunstâncias surgiu a figura do jovem príncipe Cusi Yupanqui, que decidiu defender Cusco. Ele organizou a defesa junto com outros sete chefes - para adicionar oito ou um duplo quatro, figuras perfeitas no sistema inca.
O líder Hanan Chanka "Anccu Hualloc" (também chamado de Anco Huayllu, Ancohuallu, Hancoallo ou Anquayllu) reuniu 40.000 soldados e partiu para a conquista de Cusco. Ele avançou com decisão até cercar a cidade. O Inca Wiracocha e muitas figuras da nobreza retiraram-se em direção a Collasuyo e houve um momento de desespero até que o Príncipe Cusi Yupanqui (mais tarde autoproclamado Pachacutec) tivesse liderado, corajosamente, a resistência. Ao conseguir reunir aliados, ele ofereceu paz aos sitiadores, mas eles rejeitaram a oferta.
Uma batalha sangrenta foi travada em Yawarpampa ("campo de sangue"), providencialmente vencida pelos Cusqueños com a chegada oportuna de forças amigas. Esta difícil vitória tornou-se uma lenda ...

No relato do cronista Joan de Santa Cruz Pachacuti Yampo Salcamaygua (1613) ele afirma que a batalha teria sido perdida se os  soldados de pedra "pururaucas" não tivessem milagrosamente ganhado vida, pedras disfarçadas de soldados para enganar os Chankas (leia a lenda dos soldados Pururaucas).
 morreram em Yawarpampa 22.000 Chankas e 8.000 Cusquenhos
. Anccu Hualloc foi ferido e feito prisioneiro. Os Hanan Chankas foram perseguidos até Andahuaylillas (Apurímac).

É assim que Garcilaso de la Vega descreve em seus Commentários Reales ...

“Outro dia, bem de manhã, saíram de Sacsahuana e caminharam em direção a Cusco, e, devido à pressa, tendo que andar em um esquadrão formado, conforme a ordem de guerra, não puderam chegar antes da noite até onde o príncipe estava; eles pararam um quarto de légua no meio.
(O Inca ...) ... mandou novos mensageiros, e na estrada os mandara muitas vezes com a mesma oferta de amizade e perdão da rebelião. Os Chancas não quiseram ouvi-los; só os últimos ouviram, que foi quando já estavam alojados, a quem, por meio de desprezo, disseram: "Amanhã se verá quem merece ser rei e quem pode perdoar." Com esta má resposta, um e o outro estavam bem guardados a noite toda, com suas sentinelas a postos, e então, durante o dia, armaram seus esquadrões, e com um grande grito e gritaria e o som de trombetas e tambores e caracóis, caminharam uns contra os outros.
O Inca ...) ... quis ir à frente de todo os seus  e foi o primeiro a lançar a arma que carregava contra os inimigos; então uma corajosa luta estourou. Os Chancas, para sair com a vitória que haviam prometido a si mesmos, lutaram obstinadamente. Os incas fizeram o mesmo, para livrar seu príncipe da morte ou da afronta. Nessa luta andaram todos com muita coragem até o meio-dia, matando-se cruelmente, sem nenhuma das partes levar vantagem. A essa hora, os cinco mil homens que estavam em emboscada apareceram e, com grande ousadia e um grande alarido, atacaram os inimigos do lado direito de seu esquadrão. E como tivessem chegado de surpresa, atacando com grande ímpeto, causaram muitos danos aos Chancas, fazendo com que recuassem. Mas eles, esforçando-se uns pelos outros, recuperaram o que haviam perdido e lutaram com muita raiva que tinham de si mesmos, ao ver que estavam há tanto tempo sem obter a vitória, que haviam prometido a si mesmos. Depois desse segundo ataque, eles lutaram por mais de duas longas horas, sem que nenhuma vantagem fosse reconhecida; Mas a partir daí, os Chancas começaram a se soltar, porque a todo momento sentiam gente nova entrando na batalha. "

Garcilaso de la Vega, então, discorda dos demais cronistas, que concordam unanimemente que foi Pachacútec, filho do inca Wiracocha, quem teve a visão do deus Wiracocha e liderou a luta contra os Chancas, mais tarde suplantando seu pai no trono. Enquanto Garcilaso atribui essa visão ao príncipe Wiracocha, que suplanta seu pai, o inca Yahuar Huacac. A tradição da invasão dos Chancas e da sua derrota é muito semelhante na história à de todos os cronistas, principalmente a de Betanzos, a de Cieza de León e a de Cabello de Balboa. Foi apresentada a teoria, amaldiçoada (ou não), de que Garcilaso teria ¨recriado¨ a história para enobrecer ainda mais a figura do inca Wiracocha, de cuja panaca ele descendia. O cronista mestiço era descendente por sua mãe da panaca Cápac Ayllu, que na guerra civil anterior à chegada dos espanhóis era a de Huáscar e se opunha à panaca Hatun Ayllu, favorável a Atahualpa e que descendia da linhagem de Pachacútec. Portanto, é geralmente aceito que o último foi o carrasco dos Chancas. (?????)

Para resolver a contradição que existe há historiadores que recorrem aos meios de atribuir a
Wiracocha uma derrota para os Chancas e Pachacutec uma nova guerra contra eles, incorrendo assim em uma duplicação de eventos. O padre Cobo parece ter sido o primeiro a fazê-lo.

* Após a vitória de Yawarpampa, ele teria aparecido perante seu pai para exigir que ele pisoteasse os restos mortais dos chefes dos Chancas mortos em combate, conforme ditava a tradição. Segundo a crônica de Juan de Betanzos, Wiracocha recusou e quis que Urco o fizesse, o que irritou Cusi Yupanqui e desencadeou uma guerra civil entre os dois, vencida por este. Com a morte de Urco, Cusi Yupanqui foi capaz de assumir como soberano e adotou o nome de Pachacútec Inca Yupanqui.

Embora não possa dizer - afinal, quem sou eu, não sou especialista no assunto. Embora eu tenha lido comentários de alguns especialistas que pensam assim, mas não ousam dizê-lo com firmeza ... É a dúvida que orienta a investigação e que dá vida à Ciência: à luz do raciocínio dos fatos apresentados pela história...

Para mim, está claro que sem o triunfo sobre os Chancas não teria existido Império Inca.
  
                                               
                                                         guerreiro chanca



A incorporação da tecnologia militar de Chanca ao exército inca foi fundamental para as expedições que expandiram o Império, como a realizada ao norte por Túpac Inca Yupanqui, filho e sucessor de Pachacútec.



                                                              


                                                                ***********





* Em quíchua, segundo ou Vocabulário da Língua Geral de todo o Peru por fray Diego González Holguín. "Chanca" significa "perna".

(1) Os cruzamentos entre a maioria das Crônicas nos permitiriam colocar 1438 como o ano em que as escaramuças entre os dois povos.
(2) Em Andahuaylas, muitos eventos decisivos na história dos Incas, como o combate decisivo entre Huáscar e Atahualpa, ou a concentração anterior à Batalha de Ayacucho.

Pode ser lido aqui no Blog:




A LENDA DOS SOLDADOS PURURAUCAS (YAWARPAMPA). 





Leia também:

Betanzos, Juan de. Suma y narración de los Incas. Biblioteca de Autores Españoles, Ediciones Atlas, Madrid, 1968 (1551).