¨As "Sangurimas" na floresta são descritas para mim como árvores com folhagem branca; mas eu não consigo descobrir se elas são uma espécie de Cecropia ou de algum gênero relacionado. As "Flechas" são provavelmente a gigantesca cana-de-flecha, Gynerium saccharoides, cuja haste floral é o habitual material para flechas de índio. ¨ Richard Spruce
O botânico escocês Richard Spruce, viajou pela América do Sul, a partir da costa atlântica brasileira até a costa do Pacífico do Equador, de 1849 a 1864. Foi o primeiro etnobotânico da América do Sul (1), descrevendo pela primeira vez as plantas usadas por várias tribos amazônicas, como as espécies alucinógenas usadas pelos xamãs e as espécies tóxicas usadas como ingredientes em venenos. Registrou o vocabulário de 21 línguas indígenas amazônicas, descobrindo um grande número de novas espécies de plantas, incluindo 400 espécies de briófitas como musgos e hepáticas, que eram sua especialidade. Mas, na verdade, as sangurimas são Espeletia, um gênero botânico pertencente à família Asteraceae.
Espeletia, comumente conhecida como 'frailejones' ("grandes monges"), é um gênero de subarbustos perenes, da família do girassol. O gênero foi descrito formalmente pela primeira vez em 1808 e batizado em homenagem ao vice-rei de Nova Granada, José Manuel de Ezpeleta.
As plantas da Espeletia grandiflora vivem em grandes altitudes no ecossistema dos páramos. O tronco é espesso, com folhas suculentas e peludas dispostas em denso padrão espiral e as folhas murchas ajudam a proteger as plantas do frio. As flores são semelhantes às margaridas, geralmente amarelas.
A Espeletia é bem conhecida por contribuir para o mundo na sustentabilidade da água, ao capturar o vapor de água das nuvens que passam em seu tronco esponjoso, liberando-o através das raízes no solo, ajudando a criar vastos depósitos de água subterrânea de alta altitude e lagos que eventualmente formarão rios.