1.20.2011

DESPERTA, INKA ATAHUALLPA!!! HATARIY, SAPA INKA ATAWALLPA!!



Los Funerales de Atahualpa (Museu de Arte de Lima/Peru)
Os Funerais de Atahualpa (Museu de Lima/Peru)







Quando a luz do sol se apagou, no dia 29 de agosto de 1533 (1), foi para sempre. O filho do Sol, Atahualpa, estava morto e, com ele, morto estava, também, o grande Tahuantinsuyo. Os Andes tremeram como se um terremoto de gigantescas proporções abalasse sua estrutura e a instabilidade que se seguiu não começou fora, nas encostas e vales, mas, dentro de cada pessoa que vivia sob a luz do Sol (Inti) da qual o Inca era o Filho. Todos acorreram, queriam vê-lo, pela última vez, estar com Atahualpa, ainda que fosse só um pouquinho, quando ele parecia, apenas, adormecido e a noite se alongava, cheia de lágrimas e gritos de desespero, perpetuando a escuridão em seus corações. Não haveria mais arco-íris, não haveria mais a ponte entre sol e chuva para lembrá-los da aliança que havia entre o deus Sol e seu povo. A Bandeira do Tahuantinsuyo, a Bandeira do Arco-íris, fora rasgada em milhares de pedaços e seu colorido se diluíra na cor de lama e sangue das botas do inimigo.


"Deixaram os executores fenecer o dia, como se temessem a luz, para consumação de seu crime e, duas horas depois do anoitecer o levaram para o suplício"*; este fiel relato basta para descrever a insanidade e o ódio daqueles que "em nome de Jesus Cristo", levaram a tortura e a morte por onde passaram, usando o nome de Deus para a resolução de seus atos de cobiça, ao longo da História. Na verdade, nada disso pode ser explicado, apenas registrado, com a tristeza de um luto que nunca terminou. Como a madrugada espera o amanhecer, o Tahantinsuyo espera pela volta do Sol, para despertar em um dia radiante que o fará esquecer a tempestade de raios e trovões que se abateu sobre os telhados de ouro de Cusco, desmoronando suas construções em ruínas.


Conta a lenda que Atahualpa despertará de seu sono para ordenar o caos estabelecido nos domínios do Sol. Por isso o povo Inca espera; preservando, através de sua Cultura, a fé no Deus Sol e em seu Filho, entoando, em uníssono, com voz rouca, de lamento, o canto, que jamais pôde ser contido, o grito aflito que o som das flautas sucede para acordar o Príncipe... Hatariy, Sapa Inka Atawallpa!!! Hatariy!!!!






(1) Algum autores datam 26 de julho de 1533.


* César Cantú, Historia Universal, Biblioteca Ilustrada de Gaspar y Roig, Madrid, 1866. (traducida directamente del italiano con arreglo- la setima edición de Turin, anotada por D. Nemesio Fernandez Cuesta)(Tomo X - documentos, biografias e índices / Francisco Pizarro)