"Não vou trocar meia dúzia de ossos pela lenda do meu pai".
(possíveis palavras de Brian Fawcett)
Em 1925, o explorador britânico Coronel Percy Harrison Fawcett (1867 – 1925) desapareceu quando empreendia uma expedição para procurar por uma civilização perdida, supostamente o Eldorado, na Serra do Roncador, Brasil.
Entre os anos de 1906 e 1924, Fawcett realizou sete expedições na Bolívia e no Brasil. Em 1925 convenceu seu filho mais velho, Jack Fawcett, a acompanhá-lo em uma missão em busca de uma cidade perdida, que chamara de "Z". Fawcett estava certo de que essa cidade existia na Serra do Roncador, nordeste do Mato Grosso, e que ele acreditava ser originária da Atlântida (sua saga e desaparecimento foram decisivos na criação do personagem Indiana Jones). Estava fascinado com a possibilidade de encontrá-la, depois de ter recebido de presente uma estatueta de basalto negro, de 25 centímetros de altura, de H. Rider Haggard, o autor de As Minas do Rei Salomão (ao que parece ela teria sido perdida na expedição). Segundo Fawcett, em uma carta dirigida a jornais de todo o mundo,
"Não duvido um só instante da existência dessas velhas cidades. Por que haveria de duvidar? Eu mesmo vi parte de uma delas - e essa é a razão pela qual achei que deveria fazer novas expedições. as ruínas parecem ser de um posto adiantado de uma das grandes cidades as quais estou certo serão descobertas juntamente com as outras se a expedição for bem preparada com uma pesquisa profunda sobre o assunto. Infelizmente não posso induzir os cientistas a aceitarem até mesmo a hipótese de que há indícios de uma antiga civilização no Brasil. Viajei por lugares ainda não explorados, os índios têm me falado de construções antigas, seu povo e mais coisas estranhas existentes nesses locais. Se tiver bastante sorte, se conseguir atravessar a região de índios selvagens e regressar vivo, terei condições de ampliar imensamente o nosso conhecimento histórico. Percy H. Fawcett, 1925.
Ao falar da estatueta que ganhara ele afirmava:
"Existe uma propriedade particular nessa imagem de pedra, e todos podem senti-la ao tocar a mão. Estranhamente, uma corrente elétrica atravessa o braço da gente, causando um choque tão forte que muitas pessoas a largam de imediato. A razão dessa energia eu desconheço. Acredito sinceramente que ela veio de uma das cidade perdidas. Quando descobrir os significados existentes nela, descobrirei também o caminho para chegar no lugar de onde se originou."
Antes de partir, Fawcett enviou uma mensagem telegráfica para sua esposa, em 29 de maio de 1925, dizendo que estava prestes a entrar em território inexplorado, acompanhado somente do filho e de um amigo de Jack chamado Raleigh Rimmell. Partiram para atravessar a região do Alto Xingu e nunca mais voltaram.
Fawcett começou a acreditar que a estatueta lhe possibilitava uma conexão com um espírito feminino chamado "Sith" que o chamava para encontrar a cidade perdida de Z.
Ao que parece, quando Fawcett partiu para encontrar Z com seu filho e um amigo de seu filho, foi através do financiamento de um grupo de apoio chamado "The Glove". Segundo contam, ele acreditava que seu filho seria adorado como um deus quando descobrisse Z.
Um psicometrista (psicômetra é um tipo de sensitivo que consegue ler impressões energéticas em objetos) foi consultado para tentar descobrir a origem do ídolo. Em um ambiente totalmente escuro a estatueta foi colocada em suas mãos (ele nunca tinha visto a estátua antes). Então ele disse:" Vejo em terras distantes várias pessoas vivendo em uma cidade, uma civilização adiantada. Existem enormes templos ornamentados com figuras de um grande olho. Em um desses templos existe a figura de um sacerdote parecido com esta estátua que seguro nas mãos. Há um monarca e muitos escravos - vejo também um vulcão e parece que ele foi a causa da destruição dessa civilização..."
Depois o sensitivo acrescenta este aviso:" Eis o importante sobre esta imagem, sua posse é maléfica para aqueles que não lhe têm afinidade e eu posso dizer que é perigoso zombar dela."
Então, o que teria acontecido com Percy Fawcett? Declarações sobre o seu destino e de seus companheiros são, simplesmente, bizarras: comidos por animais selvagens, mortos por tribos hostis, ou assimilados a uma tribo. Crianças indígenas de olhos azuis avistadas tornou-se lugar comum e muitos afirmavam tê-lo visto, mais tarde, em meados da década de 30. Alguns restos mortais foram encontrados na selva, corroborados pela história da tribo, que alegava tê-lo matado, mas nenhuma teoria se confirmou. Sem falar dos ufólogos, os teóricos da Terra oca e os ocultistas. De acordo com eles, ele teria sido raptado por ovnis (objetos voadores não identificados) para descobrir Atlântida ou estaria vivendo em um império subterrâneo, com 28 crianças e seu filho mais velho armado com uma lança de ouro. Sua família tentou um contacto com ele através de médiuns e alegou estar comunicando-se com ele, mais tarde, nos anos quarenta. Mas ele nunca foi encontrado, morto ou vivo.
Em 1952, seis anos depois de contactados pelos irmãos Cláudio e Orlando Villas Bôas, do Serviço de Proteção ao Índio, os índios Kalapalo revelaram ter matado exploradores que haviam passado por ali, muitos anos antes, provavelmente Percy Harrison Fawcett, Jack Fawcett e Raleigh Rimmell.
Segundo Noel Villas Bôas, filho de Orlando, Fawcett -chamado pelos índios de "mingueleze", suposta interpretação de "mim inglês"- foi morto por seu comportamento hostil. Ele teria reclamado do lugar oferecido para dormir, batendo em um menino índio que havia mexido em suas coisas. As crianças são, praticamente, intocáveis entre os índios. Ao subir um barranco, o inglês sofreu um golpe de borduna - espécie de tacape usado para caça - na cabeça. Morto, caiu abraçado ao tronco de uma árvore. Foi enterrado, ali mesmo, em cova rasa. Jack e Rimell teriam sido flechados e jogados no rio.
Os irmãos Villas Bôas localizaram o local onde teria sido enterrado o explorador inglês. Os ossos encontram-se hoje no Instituto Médico Legal da Universidade de São Paulo. Foi analisado o DNA mitocondrial, mas a família Fawcett recusou-se a submeter-se ao exame e resolver, definitivamente, o mistério. Brian, filho de Fawcett teria dito aos irmãos Villas Bôas numa viagem ao Brasil: "Não vou trocar meia dúzia de ossos pela lenda do meu pai".